Na última segunda-feira (16/9), iniciou na região sul do Brasil a Operação Laçador, um exercício de adestramento conjunto conduzido pelo Ministério da Defesa, com a participação da Marinha, do Exército e da Força Aérea, sob a coordenação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). Mais de 8.000 militares das três Forças estão envolvidos.
Nesse exercício estão planejadas ações diretas de Forças Especiais, transporte de tropa com pouso de assalto, transposição de curso D água, controle de localidade, ações sobre reserva inimiga e tropas de defesa de área de retaguarda, estabelecimento de cabeça de ponte aérea, patrulha antissubmarino, defesa de ponto sensível com apoio da artilharia antiaérea, controle de danos, ressuprimento aéreo, entre outras. Tudo isso visando o adestramento de ações críticas de combate, apoio ao combate e apoio logístico, singulares e/ou conjuntas.
Em paralelo a todo esse cenário, as Forças Armadas desenvolvem ainda ações de caráter Cívico-Social (ACISO), como atendimento médico e odontológico, entre outras atividades de apoio, proporcionando melhores condições de vida para a população mais necessitada.
Objetivos da Operação:
- Manutenção da operacionalidade das tropas da Região Sul;
- Adestramento dos diversos Comandos e respectivas tropas em ações críticas de combate, apoio ao combate e apoio logístico, singulares e/ou conjuntas;
- Adestramento dos diversos sistemas operacionais, promovendo e sedimentando a capacidade de interoperabilidade entre as Forças;
- Desenvolvimento de Ações Cívico-Sociais em apoio aos segmentos mais necessitados da população;
- Execução de experimentações doutrinárias de interesse para as operações conjuntas; e
- Sistematização da atuação conjunta das três forças sob a coordenação do Ministério da Defesa.
Simulação de conflito entre países
Para o exercício foi criada uma situação hipotética envolvendo dois países em conflito, na qual se pode explorar e treinar procedimentos quanto ao planejamento conjunto das Forças Armadas e testar sistemas operacionais, como a logística e o comando e controle (C2).
Ou seja… O Estado do Rio Grande do Sul foi dividido em dois países fictícios, Verde e Amarelo, e foi ativado o Teatro de Operações Laçador (espaço geográfico necessário à condução das operações militares).
No país Verde foram empregadas tropas, aeronaves e embarcações da Marinha, Exército e Força Aérea, além de diversos militares especialistas nas áreas de Guerra Eletrônica, Defesa Cibernética, Simulação de Combate e Comunicação Social, de Brasília (DF).
Quanto às tropas integrantes do país Amarelo, a maioria foi empregada de forma fictícia. No entanto, em alguns casos, ocorre a utilização de tropa no terreno, como figuração inimiga, a fim de proporcionar o desenvolvimento de ações consideradas de importância, a serem testadas.
A participação do Comando Militar do Sul (CMS) e do Ministério da Defesa (MD) na Operação
O Comando Militar do Sul ficou com a incumbência de planejar, controlar, coordenar e executar o emprego das forças dentro do Teatro de Operações Laçador (TO).
O Ministério da Defesa, representado pelo EMCFA, acompanhou o planejamento e a execução das ações realizadas no Teatro de Operações Laçador e, por intermédio de um núcleo de Direção do Exercício (DIREX), criou diversos incidentes/simulações que exigiram respostas do Comando Conjunto e de seus comandos subordinados.
A Direção do Exercício (DIREX)
A DIREX é responsável por conduzir o ritmo dos trabalhos de planejamento, elaborar e controlar a execução dos Problemas Militares Simulados (PMS) pelo Estado-Maior Conjunto do Teatro de Operações (EMC/TO) e pelas Forças Componentes subordinadas ao Comando do Teatro de Operações (TO).
Estado-Maior do Teatro de Operações Laçador
O Estado-Maior do Teatro de Operação Sul caracteriza-se por uma estrutura de planejamento conjunto com a participação de militares especialistas das três Forças, distribuídos pelas seguintes células: Pessoal (D1), Inteligência (D2), Operações (D3), Logística (D4), Planejamento (D5), Comando e Controle (D6), Operações de Informação (comunicação social, defesa cibernética, guerra eletrônica e operações psicológicas) (D7) e Assuntos Civis (D9).
O Comando e Controle
Para viabilizar a comunicação eficaz e o fluxo de informações da operação, a tecnologia foi a principal aliada. Na sede do Comando Militar do Sul funciona um Centro de Comando e Controle onde são utilizados meios, sistemas e programas modernos que permitem a integração, o estabelecimento de comunicações seguras e o acompanhamento de todas as ações realizadas pelas tropas.
A Simulação da Operação
Durante a Operação, é utilizada uma página pelo sistema de intranet, conhecida como “site simulado”, a fim de simular incidentes para provocar uma resposta por parte dos órgãos de planejamento do Estado-Maior do Teatro de Operações ou das forças empregadas.
O “site simulado” é uma ferramenta de tecnologia da informação que tem por objetivo tornar as ações mais dinâmicas dentro de um exercício simulado. Esse artifício foi elaborado e coordenado pelos integrantes do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) que integraram a estrutura de Com Soc da DIREX da Operação.
O site simbolizou uma agência de notícias elaborada para um ambiente operacional, na qual foram inseridas reportagens, depoimentos, fotos, vídeos e comentários dos supostos “internautas” sobre as situações que a direção do exercício (DIREX) pretendeu exercitar com os estados-maiores.
Essa experiência promove mais realismo ao exercício, sobretudo, visando direcionar o planejamento das ações pelos estados-maiores empregados.
Real Life: a Comunicação Social (Com Soc) da Operação Laçador
A Comunicação Social tem a missão de preservar e fortalecer a imagem das nossas Forças Armadas. Atuando antes, durante e depois da operação, as células de Com Soc mantêm a população e a mídia em geral constantemente informadas sobre as atividades.
Sentinela Alada do Pampa recebe vários esquadrões
A Base Aérea de Santa Maria (BASM), também conhecida como Sentinela Alado do Pampa, está atuando na Operação. A partir dela, estão atuando os seguintes esquadrões e aeronaves:
- 1°GDA, Primeiro Grupo de Defesa Aérea , com aeronaves M2000, da Base Aérea de Anápolis (BAAN);
- 6º ETA, Esquadrão Guará, com aeronaves C-97 Brasília e C-95 Bandeirante, da Base Aérea de Brasília (BABR);
- 4º ETA, Esquadrão Carajá, com aeronaves C-97 Brasília e C-95 Bandeirante, da Base Aérea de São Paulo (BASP);
- 1º/16º GAV, Esquadrão Adelphi, com aeronaves de ataque A-1, da Base Aérea de Santa Cruz (BASC);
- 3º/10º GAV, Esquadrão Centauro, com aeronaves A-1, da Base Aérea de Santa Maria;
- 1º/10º GAV, Esquadrão Poker, com aeronaves A-1, da Base Aérea de Santa Maria;
- 5º/8º GAV, Esquadrão Pantera, com aeronaves H-60 Black Hawk, da Base Aérea de Santa Maria;
- 1º Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa (1º GAAAD), da Base Aérea de Canoas (BACO);
- 2º Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa (2º GAAAD), da Base Aérea de Manaus (BAMN);
- 1º/1º GT, Esquadrão Gordo, com aeronave de reabastecimento em voo KC-130, da Base Aérea do Galeão (BAGL);
- 1º/12º, Esquadrão Hórus, com aeronaves remotamente pilotadas (ARP), da Base Aérea de Santa Maria;
Sala de controle da ARP (shelter), que foi utilizada para realizar a vigilância aérea da área onde ocorreu a transposição de curso d’água por militares do Exército Brasileiro
- PARASAR, Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, da Base Aérea de Campo Grande (BACG); e
- 4º/1º GCC, Quarto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle, da Base Aérea de Santa Maria.
Militares do Destacamento de Ações de Comandos do Exército Brasileiro se preparando para realizar ação conjunta com a FAB na aeronave H-60 Black Hawk
Eles serão conduzidos no H-60 Black Hawk para realizar uma missão de infiltração durante a Operação Laçador
Esse lenço que o militar do Exército usa na cabeça se chama shemag. Ele protege contra o frio, calor, poeira e também, eventualmente, contra cartuchos quentes recém deflagrados que poderiam atingir seu pescoço
Militares do PARASAR e do Destacamento de Ações de Comandos do Exército Brasileiro embarcam para realizar missão de infiltração
Operação na Base Aérea de Canoas (BACO)… Rotina alterada!
A grande movimentação de aeronaves marcou o início da Operação Laçador na Base Aérea de Canoas. O Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação (1°/14° GAV), o Esquadrão Pampa, e o Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA), Esquadrão Pégaso, sediados na BACO, receberam em seus hangares aviões que estão entre os mais de 60 empregados no exercício militar simulado nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As aeronaves dos sete esquadrões visitantes ocuparam o pátio antes destinado aos caças F-5M e às aeronaves de transporte C-97 e C-95M. O resultado foi a mudança na rotina de chegada e partida e a realocação das aeronaves nos hangares da BACO. “Sabíamos que chegaria uma grande quantidade de aeronaves e pensamos na logística e na acomodação das aeronaves no pátio”, conta o Capitão Aviador Bernardo Schuch de Castro.
O Esquadrão Pampa iniciou a preparação para a Laçador há duas semanas. O 1º/14º GAV, além de receber as unidades militares, vai participar de missões de varredura e defesa aérea com seus caças F-5M. Antes da Laçador, os pilotos da unidade militar participaram da Operação Ágata 7. Já o Esquadrão Pégaso, atua no transporte aéreo e logístico.
Aeronave P-3AM também está atuando a partir da Base Aérea de Canoas. O avião está defendendo o polo naval de Rio Grande durante o conflito simulado
“Uma operação como a Laçador é muito importante para os pilotos de caça. A Laçador se aproxima do que seria uma missão real com uma grande quantidade de aeronaves no espaço aéreo. O ganho operacional é muito grande, porque as ações ampliam a consciência situacional do aviador em cenários deste porte”, explica o Capitão Aviador Castro.
Além da Base Aérea de Canoas e da Base Aérea de Santa Maria, a Base Aérea de Florianópolis também serve de base para as unidades aéreas envolvidas na Laçador.
Mas por que o nome Operação Laçador?
A Estátua do Laçador (ou Monumento ao Laçador) é um monumento da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. É a representação do gaúcho tradicionalmente pilchado (em trajes típicos) e teve como modelo o tradicionalista Paixão Côrtes. Foi tombada como patrimônio histórico em 2001 e, em 2007, foi transferida de seu local antigo, o Largo do Bombeiro, para o Sítio O Laçador, para permitir a construção do viaduto Leonel Brizola.
O Sítio O Laçador tem seis espaços diferenciados, com as cores do estado do Rio Grande do Sul, em quatro mil metros quadrados de área. A estátua permanece num espaço mais elevado, denominado Coxilha do Laçador. Para a construção do Sítio, foram investidos um milhão de reais, com a intenção de valorizar o folclore e a tradição gaúcha, já que a estátua continua visível a todas as pessoas que chegam a Porto Alegre pela BR-116, ou que se deslocam do aeroporto para o centro da cidade.
E aí pessoal, o que acharam da Laçador? Complexo, né? Cenários simulados, muita informação… Mas é essa vivência que nos traz experiência para garantir a nossa segurança!!!