O aumento do volume do tráfego aéreo no País, aliado à necessidade de ordenar este fluxo, fez com que o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) criasse o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA).
Implantado desde 2007, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o órgão tem a missão de manter o equilíbrio entre a capacidade e a demanda nos aeródromos e nos setores de controle de serviço de tráfego aéreo, visando à segurança, economia e fluidez de todas as aeronaves voando dentro do espaço aéreo brasileiro.
O CGNA conta com um efetivo de cerca de 200 pessoas, entre militares e civis, sendo aviadores, controladores de tráfego aéreo, meteorologistas, informações aeronáuticas, comunicações, além de outras especialidades que envolvem atividades administrativas.
Implantado em 2007, o CGNA é uma das unidades mais recentes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).
Para tanto, foi necessário adotar alguns procedimentos, tais como o ajuste das malhas aéreas das empresas, a medição de capacidades de pista e de setores do espaço aéreo, sua reestruturação e o constante monitoramento das operações, além da possibilidade de aplicação das medidas de gerenciamento do fluxo de tráfego aéreo, quando necessário.
Ajuste de malha aérea
Percebeu-se que nos horários considerados de pico os atrasos eram mais comuns, pois havia um volume maior de aeronaves pousando e decolando. Para mudar esta situação, os voos regulares foram distribuídos ao longo de todo o horário de funcionamento do aeroporto.
O CGNA atua como membro consultivo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que é o órgão responsável pela autorização das empresas aéreas regulares operarem nos aeroportos. A inserção do Centro, na decisão das aprovações de voos, foi o primeiro passo para a organização e diminuição dos picos de tráfego nos aeroportos.
Capacidade de pista
Desenvolvido pelo CGNA e atualmente servindo como modelo de referência internacional, o método de medição da capacidade de pista busca estabelecer o número de operações de pouso e decolagem, no intervalo de uma hora, que um aeroporto suporta, respeitando a sua capacidade operacional. Quando essa capacidade é ultrapassada há um desbalanceamento que provoca esperas e, por consequência, atrasos na operação.
O CGNA trabalha sempre com 80% da capacidade, valor recomendado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Esses 20% funcionam como uma espécie de “reserva” para os casos de o aeroporto precisar absorver uma demanda extra, como por exemplo o desvio de aeronaves de outros aeródromos devido às condições climáticas.
Capacidade de setores do espaço aéreo
A estrutura aeroespacial brasileira é dividida em cinco grande Regiões de Informação de Voo (FIR) e cada uma delas é subdividida em setores estáticos de controle onde um ou mais controladores de tráfego aéreo ficam responsáveis pelas aeronaves dentro da região preestabelecida.
O Centro mede a quantidade de aeronaves que cabem dentro de cada porção virtual do espaço aéreo, sem comprometer a segurança das operações, respeitando os limites técnicos e humanos dos controladores de tráfego aéreo e o equilíbrio entre as aeronaves que estão voando e que irão pousar nos aeródromos do País. A capacidade de espaço aéreo também é trabalhada dentro de um limite de 80%.
Reestruturação do espaço aéreo
A realização de estudos sobre o crescimento de demanda e a análise de eventos sazonais, os quais apontaram um crescimento do fluxo de aeronaves e o desenvolvimento econômico nacional, indicaram a necessidade de uma reestruturação do espaço aéreo. O Centro de Gerenciamento está envolvido na execução de diversos projetos com o intuito de aumentar a capacidade do espaço aéreo, entre ouros, a definição de rotas mais curtas, a modificação de rotas existentes e o redimensionamento de setores de controle.
Monitoramento constante e aplicação de medidas de gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo
Durante as 24 horas do dia, o Salão Operacional do CGNA monitora todos os movimentos aéreos do País, mantendo ininterruptamente a prestação do serviço de gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo. Nesse local, todas as decisões são tomadas buscando manter o equilíbrio entre a demanda de tráfego aéreo e a capacidade operacional, sempre garantindo a segurança e a eficiência das operações aéreas.
Quando ocorrem situações que interferem no bom andamento do fluxo, é necessária a aplicação das medidas de gerenciamento do fluxo de tráfego aéreo, as chamadas medidas ATFM (do inglês Air Traffic Flow Management). É o que ocorre, por exemplo, em casos de condições meteorológicas adversas ou de problemas na pista de pouso e decolagem.
Nos eventos de qualquer natureza que provoquem um desbalanceamento nas operações, o Centro é obrigado a aplicar aquelas medidas, visando regrar a demanda até a solução definitiva do problema.
Decisão Colaborativa
O Processo de Tomada de Decisão Colaborativa é uma metodologia em que os participantes envolvidos compartilham responsabilidades, informações, recursos, objetivos e confiança mútua no intuito de tomar a melhor decisão possível para todos.
Equipe de profissionais trabalha de forma integrada, utilizando a metodologia da decisão colaborativa.
O CGNA adota este processo sempre que é preciso solucionar problemas operacionais do gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo. Participam da decisão, representantes das empresas aéreas, da Infraero, além de militares e civis que trabalham no próprio Centro e nas unidades que compõem o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (Sisceab).
A agilidade na tomada de decisões têm trazido um dos principais benefícios, ou seja, a redução nos atrasos de voos. Dados do setor de Estatística do Centro apontam que essa diminuição foi em torno de 15%.
“O Processo de Decisão Colaborativa foi, sem dúvida, o grande ‘gol’ do CGNA. A união entre as empresas aéreas, as administradoras aeroportuárias e os órgãos de controle de tráfego aéreo só trouxe melhorias para todos os envolvidos”, afirma o Coronel Aviador Ary Rodrigues Bertolino, chefe do CGNA.
Grandes Eventos
O CGNA teve fundamental importância para garantir a circulação aérea durante os grandes eventos que foram realizados no País nos últimos anos: a Rio+20 (em 2012), a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude (em 2013). Em cada um desses acontecimentos foi montada uma Sala Master de Comando e Controle com representantes dos principais órgãos envolvidos na estrutura do transporte aéreo, como a Secretaria de Aviação Civil, Anac, Infraero, Anvisa, a Polícia Federal, entre outros.
Durante esses eventos foram criadas áreas de exclusão, visando a segurança do espaço aéreo em torno dessas áreas, como os estádios de futebol no caso da Copa, ou dos locais onde esteve o Papa Francisco, durante sua visita ao Brasil.
Cercada por telões com informações de aeroportos e do espaço aéreo, a Sala Master é o local onde se unifica e padroniza os processos a serem tomados pelos órgãos envolvidos, visando garantir a segurança dos usuários por meio do gerenciamento de informações e do processo de tomada de decisão em colaboração. Todas as informações são compartilhadas, desde a chegada, os deslocamentos e a partida de autoridades e delegações.
Uma nova Sala Master está sendo montada no Centro e vai funcionar de 05 de junho a 16 de julho, monitorando o fluxo aéreo durante a Copa do Mundo de 2014.
Transplante de Órgãos
Desde o final de 2013, uma equipe de enfermeiros do Sistema Nacional de Transplante (SNT), ligado ao Ministério da Saúde, atua 24 horas por dia no CGNA, para acelerar o processo do transporte de órgãos que serão utilizados em transplantes. Graças a um acordo firmado entre empresas aéreas, instituições ligadas à aviação civil e o Ministério da Saúde, as aeronaves que estiverem transportando órgãos passam a ter prioridade para pousos e decolagens. Os operadores aeroportuários também priorizam as equipes de captação e condução de órgãos nos procedimentos de segurança e no acesso aos portões de embarque e desembarque.
A presença dessa equipe no CGNA tem reduzido o tempo de transporte entre a captação e a realização do transplante. Cada minuto torna-se essencial, uma vez que, depois que sai do corpo do doador, os órgãos têm pouco tempo para que possam ser transplantados. Coração e pulmão, por exemplo, têm uma duração de cerca de quatro horas antes de sua falência.
Crédito das Fotos: Fábio Maciel / Ascom DECEA.